segunda-feira, 29 de agosto de 2016

POSIÇÃO FETAL E LÁGRIMAS EM MAQUINÉ/RS









Aqui sentada em frente ao computador, tentando discernir meus sentimentos sobre o que vi ontem ao visitar a casa onde meus avós paternos e minha tia moravam.
Maquiné-RS, Brasil – 28 de agosto de 2016.
 
Dia 30 de julho1994 meu avô Antônio Machado faleceu em decorrência de um câncer no pulmão e em 22 de junho de 2012 minha avó Aracy, sua esposa, faleceu após uma parada cardíaca. Até fevereiro deste ano, 2016, minha tia morou lá sozinha e tentou cuidar da casa como pode, tarefa bem difícil pra quem trabalhava mais de 12 horas diárias.
Ela não conseguiu mais ficar lá, eram muitas contas, muito trabalho, pouco dinheiro e pouco tempo pra manter um terreno tão grande. Então ela se mudou pra Cachoeirinha para morar com minha outra tia e com minhas primas.

Desde fevereiro a casa estava fechada e ontem, após a comemoração dos 97 anos da bisavó do meu marido em Itati-RS, Brasil – município vizinho de Maquiné – resolvi passar ali pra ver a casa, rever o lugar onde passei tantas férias de verão, tantos natais e tantas viradas de ano. Eu sabia que ela estaria abandonada, com a grama transformada em mato e com mais rachaduras do que da última vez que fui lá, mas o que vi foi de chorar.
O portão de madeira foi colocado abaixo, a porta principal da cozinha foi forçada até quebrar os marcos, a estante da sala que não pode ser trazida na mudança estava com algumas portas quebradas, a cama que também não pode ser trazida estava atirada num canto, também quebrada e a casa inteira estava com ar de invasão.
Alguém foi até lá pra invadir o lugar que antes nos acolhia, olhei para os lados surpresa com o vazio físico e junto, senti o vazio de quem já se foi. O vazio daquilo que nunca mais teremos de volta, afetos que foram violados com a presença de pessoas mal-intencionadas e vândalas.

Não foi só pela propriedade que fiquei chocada. Não ver ali nada que pudesse me remeter aos afetos passados doeu muito, já não há mais ali o sentimento de amor que sempre tive dos meus avós. Tudo foi embora, invadido e vandalizado. O tempo estragou as paredes, o telhado e a pintura. Pessoas estragaram móveis e o pouco que ficou da lembrança dos meus avós.

Eu esperava chegar ali e ver tudo trancado, na esperança de não ver nada por dentro e manter maculado o ambiente familiar que estava na minha lembrança. Queria apenas ver o mato em volta, ver tudo trancado e criar uma esperança de ter dinheiro pra reformá-la um dia ou apenas ir lá em outro momento pra cortar a grama e limpar o pátio.
Cheguei e tudo estava aberto, sujo, depredado, violado. Senti que meus afetos foram violados, que a vida inteira de trabalho e dedicação dos meus avós foram violados. Queria chegar lá e sentir saudade, quem sabe me permitir chorar pela saudade, mas não. Senti raiva, decepção, falta de respeito e muita dor.

É isso que estou sentindo agora, dor. Não dormi bem essa noite e de quebra, sonhei com meus avós. Não lembro o conteúdo do sonho, mas ainda me sinto violada e triste.
Quando já estávamos saindo da casa, uma amiga da minha avó passava pela rua, ela viu meu choro e ofereceu um abraço. Inês é o nome dela. Conversamos um pouco, agradeci o apoio e ela foi embora.
 
Não quero terminar esse texto com tristezas, gostaria de lembrar coisas que nos faziam felizes e que acredito ser muito parecido com o que vocês, leitores, guardam em suas memórias sobre seus avós.
 

Chegada na casa com buzinaço e cachorrinhas pulando, abraço apertado pelo tanto de tempo que não nos vemos, malas soltas no corredor, vó correndo pra lá e pra cá pra servir o café, vô fritando peixe pra acompanhar o café, primos correndo e enchendo o saco dos adultos, tia mostrando pra criançada como as cachorrinhas são inteligentes, pão caseiro e chimia de banana, “vó, tem Nescau?”, pai, tios e vô tocando reis, cachaça antes do almoço, arroz com galinha no almoço, vinho pra acompanhar a italianada, tias e primas revezando a louça e o varrer da casa, doces caseiros da vó depois do almoço, futebol no campo do lado de casa, primaiada enchendo o saco dos adultos pra tomar banho no rio, adultos cedendo e levando a criançada no rio, merengue de forno e suco de tarde, desenhos e brincadeiras no pátio, vó costurando roupas pra gente, vô criando pião no torno, chimarrão com rapadura caseira, roupas de cama e colchões espalhados pela casa, “onde vou dormir”?, “vamos na praia?”, “vó, dá mais doce?”, “tá na hora de ir embora!”, abraço na vô, no vô e na tia, carro cheio, abraços, beijos, risadas, abanos, buzinaços, “vão com Deus e boa viagem!”, “te amamos!”.
 

 

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

AMIZADE: REVISITANDO CONCEITOS








Pra você que acabou de clicar no link, por favor, me responda:


O que significa SER amigo?
Quais características um amigo devem ter?
Quais características um amigo não devem ter?
Como se dá a relação de amizade entre duas pessoas?
O que faz uma amizade terminar?

 
Parecem questionamentos idiotas, não? Pois é, eu também achava, até que uma situação inusitada me aconteceu hoje.

 
Sou muito leal às amizades que tenho, acho importante e sadio manter por perto as pessoas queridas que a vida nos dá, aquelas que aparecem de graça e ganham o teu coração. Acho incrível o elo de amor que liga pessoas aleatórias e vincula sentimentos de lealdade sem que haja um contrato ou um acerto entre as partes. O coração faz isso. Os afetos fazem isso. E é de graça.

 
Manter os amigos é algo natural, feito de coração e com simplicidade, não requer esforço, MAS, algumas vezes chega o momento em que, da mesma forma que nossos amores merecem um fim, algumas amizades também merecem e saber o momento certo desse término é bem difícil.

 
O que já era uma dúvida há tempos hoje mesmo teve sua definição.


Sobre o acontecimento de hoje, fiquei perplexa e profundamente chateada, tão chateada que não consegui me concentrar pra escrever. Foi mais fácil apertar o botão da câmera e fazer um vídeo.


Assista e comente sua opinião.
Grande abraço!

 






VISITE TAMBÉM: http://lisiane1984.wixsite.com/nadademais